Shell é acusada de vender créditos de carbono fantasmas

Nesse ano, o último relatório de investigação da Greenpeace revelou informações preocupantes sobre o projeto de captura de carbono principal da Shell em Alberta, Canadá. O relatório afirma que o projeto vendeu créditos de carbono que não existiam. Isso criou um escândalo que aponta para possíveis irregularidades e implicações significativas para a empresa e para o setor como um todo.

A notícia é ainda mais significativa porque na mesma província, um projeto de captura de carbono de 2,4 bilhões de dólares foi cancelado recentemente devido a problemas com a viabilidade econômica. As informações coletadas pela Greenpeace indicam que o dióxido de carbono não capturado representa mais da metade dos créditos de carbono vendidos pela instalação de captura e armazenamento de carbono (CCS) Quest da Shell.

Esses créditos chamados de “fantasmas” no relatório totalizaram aproximadamente 200 milhões de dólares canadenses e representavam uma parte significativa das vendas totais de créditos de carbono, que totalizaram 406 milhões de dólares canadenses. A Greenpeace atribui essa situação a um suposto “subsídio oculto” que a província de Alberta concedeu à Shell. Esse suposto “subsídio oculto” distorceu a verdadeira rentabilidade do projeto de captura de carbono.

Saiba mais: Shell’s flagship carbon capture project sold $200M of ‘phantom’ emissions credits: Greenpeace report

O Quest CCS, o projeto em questão, é uma das instalações de captura de carbono mais antigas do Canadá e está em operação desde 2015. O projeto recebeu oficialmente financiamento de 777 milhões de dólares canadenses dos governos federal e provincial desde que foi lançado. Mas, ao levar em consideração os “subsídios ocultos”, aproximadamente 93% dos custos do projeto foram pagos pelos contribuintes.

Importância da transparência no mercado de créditos de carbono

Essas descobertas levantam a questão da transparência e da responsabilidade no setor de energia, particularmente no que diz respeito aos esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O autor do relatório, Keith Stewart, estrategista sênior de energia da Greenpeace Canadá, enfatizou que vender créditos de emissões por reduções que nunca ocorreram é extremamente prejudicial porque agrava as mudanças climáticas.

A maior implicação desse escândalo é a crescente desconfiança em relação à eficácia e legitimidade das iniciativas de captura e armazenamento de carbono. Em um momento em que a luta contra as mudanças climáticas é de extrema importância, os resultados recentes prejudicam a confiança do público nas empresas e governos que são responsáveis por tomar medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Os problemas com a regulamentação e fiscalização do setor de energia foram levantados por esses eventos. Se um projeto tão significativo como o Quest CCS permaneceu em operação por anos vendendo créditos de carbono inexistentes, isso indica que há lacunas significativas nos mecanismos de supervisão e controle, que devem ser abordadas imediatamente para evitar futuras violações e manipulações.

Por outro lado, esse escândalo enfatiza a necessidade de políticas e regulamentos mais rígidos para garantir transparência e responsabilidade no setor de energia. Uma medida importante para evitar o abuso e garantir que os recursos públicos sejam usados de forma ética e eficaz pode ser limitar a concessão de subsídios a empresas que demonstram uma redução significativa de emissões.

Além disso, esses eventos mostram como é importante que o governo, as empresas e as organizações da sociedade civil trabalhem mais juntos e colaborem para desenvolver e implementar planos para enfrentar as mudanças climáticas. A construção de confiança e a garantia de que as políticas e iniciativas implementadas sejam eficazes e duradouras a longo prazo dependem da transparência e do diálogo aberto.

O caso dos créditos de carbono “fantasmas” vendidos pelo projeto Quest CCS da Shell na província de Alberta, Canadá, enfatiza a importância de uma abordagem mais ética e responsável para abordar o problema das emissões de gases de efeito estufa. Para garantir que as iniciativas destinadas a combater as mudanças climáticas sejam eficazes e dignas de confiança, é necessário transparência, prestação de contas e regulamentação adequada.

Projetos de créditos de carbono transparentes

A partir do caso da Shell é fundamental que os agentes econômicos reivindiquem do Governo maior fiscalização e rigidez no controle do mercado de créditos de carbono. 

Embora a notícia seja bastante preocupante, os créditos de carbono não deixam de ser uma solução viável para um desenvolvimento econômico sustentável.

A BR ARBO irá emitir créditos de carbono derivados de uma reserva na Amazônia, os créditos ofertados pela empresa são transparentes e “reais”.

Crescimento da demanda de investimentos verdes no Brasil

Assim como no restante do mundo, no Brasil os investidores notaram a alta rentabilidade dos investimentos verdes. 

Ela pode ser compreendida como o aumento do nível de fluxos financeiros de diferentes setores em direção ao desenvolvimento sustentável. 

O Projeto Mejúrua é um exemplo de finanças verdes.

Ao mesmo tempo que será preservado parte do território Amazônico, pretende-se conciliar o desenvolvimento sustentável com o econômico.

O projeto da BR ARBO, criado pelo empresário Gaetano Buglisi, irá gerar emprego para as comunidades locais e vender créditos de descarbonização.

Essa preocupação com a sustentabilidade indica que cada vez mais o mercado está buscando lucrar com atividades mais sustentáveis. Espera-se que as finanças verdes cresçam ainda mais nos próximos anos.

Por Ana Carolina Ávila

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