Apesar da ascensão do mercado de crédito de carbono brasileiro como possível solução para o combate às mudanças climáticas, as recentes revelações envolvendo projetos REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) na Amazônia levantam sérias questões sobre a transparência e a legitimidade das estratégias.
Em junho do ano passado, a Operação Greenwashing da Polícia Federal desmembrou esquemas de créditos de carbono associados a grilagem de terras e exploração madeireira ilegal, colocando em pauta a credibilidade dos projetos REDD+ na Amazônia.

Essa revelação reflete o desafio de alinhar esforços ambientais com práticas empresariais éticas em um mercado voluntário de carbono ainda não regulamentado.
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O conceito de REDD+ baseia-se principalmente em remunerar proprietários de terras para preservação florestal de áreas ameaçadas de desmatamento, contribuindo para geração de créditos de carbono.
Contudo, as investigações recentes revelaram que muitos dessas iniciativas têm vínculos com empresas e indivíduos multados por crimes ambientais, o que compromete sua eficácia ambiental e social, reduzindo o número de investidores neste mercado, a fim de reduzir projetos verdes com viés de sustentabilidade.
Os projetos de cunho sustentável frequentemente prometem benefícios econômicos e sociais às comunidades locais, mas relatos apontam um cenário diferente.
Em Gurupá, no Pará, comunidades quilombolas relataram desmatamento e benefícios limitados, apesar das promessas feitas por intermediários como a Hadex, uma madeireira com histórico de multas ambientais.
Ademais, a complexidade dos contratos de crédito de carbono e a falta de transparência dificultam o entendimento por parte das comunidades regionais. Essa falta de clareza e regulamentação tem gerado tensões, com membros temendo perder autonomia sobre suas terras.
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Portanto, a crise de confiança pela falta de credibilidade dos projetos REDD+ evidencia a necessidade de maior transparência, normatização e fiscalização governamental no mercado de carbono no Brasil.
Para que projetos como estes contribuam efetivamente para o combate às mudanças climáticas, é indiscutível desvincular projetos de carbono de práticas predatórias e violentas, a fim de assegurar benefícios reais para as comunidades locais e o meio ambiente para restabelecer a credibilidade e consolidar o Brasil como líder no combate às mudanças climáticas de forma ética e sustentável.
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Relação com o Projeto Mejuruá
Iniciativas como o Projeto Mejuruá da BR ARBO também apontam o potencial da conservação florestal amazônica para atingirem as metas sustentáveis, sendo considerado um projeto de viés ambiental.
Projetos como o Mejuruá contribuem para o mercado de carbono global ao preservar ecossistemas, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia local, alinhando-se com a perspectiva de transição para uma economia mais sustentável.
Ana Carolina Turessi