O Condado de Kajiado, no Quênia, conhecido por suas vastas pastagens de 21.000 km administradas por pastores Maasai, tornou um foco importante para os mercados emergentes de conservação ambiental.

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Durante séculos, essas terras foram usadas tradicionalmente para pastoreio, mas recentemente ganharam novo valor como ativos na luta contra as mudanças climáticas, por meio de créditos de carbono e, mais recentemente, créditos de biodiversidade.
Os créditos de carbono surgiram como uma fonte promissora de renda, permitindo que empresas compensassem suas emissões comprando certificados gerados por projetos que reduzem ou removem dióxido de carbono da atmosfera.
No entanto esse mercado enfrentou resistência pois em 2023, acordos para venda de créditos foram revogados pelo governador local, que criticou a falta de transparência e o pouco benefício para as comunidades locais.
As populações pastoris sentiram-se excluídas e perderam acesso a terras tradicionais de pastagem, gerando tensões e protestos.
Diante desse cenário, um novo mercado ganhou destaque: os créditos de biodiversidade, que remuneram diretamente os proprietários de terras pela conservação da vida selvagem e dos ecossistemas, não apenas pela redução de gases de efeito estufa.
O Quênia lançou um programa piloto nesses créditos em 2025, e os primeiros resultados indicam pagamentos significativos às comunidades locais, fomentando uma relação mais justa entre conservação ambiental e benefício econômico para os pastores.
Apesar das oportunidades, persistem preocupações sérias relacionadas a direitos fundiários, participação comunitária e transparência.
Contratos vinculativos podem restringir a autonomia das comunidades sobre suas terras, e há uma demanda crescente por regulamentações que garantam consultas prévias, distribuição equitativa dos benefícios e respeito às práticas tradicionais. A governança eficaz desses mercados é essencial para evitar que os projetos se transformem em formas disfarçadas de apropriação de terras.
A experiência de Kajiado reflete o desafio global de alinhar mercados ambientais com justiça social e sustentabilidade.
A transição dos créditos de carbono para os créditos de biodiversidade representa uma oportunidade para que as comunidades locais sejam reconhecidas como protagonistas da conservação, e não apenas como meros beneficiários passivos.
O sucesso dessa abordagem pode definir o futuro das relações entre finanças climáticas globais e comunidades que cuidam do patrimônio natural há gerações.
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Projeto Mejuruá
O Projeto Mejuruá foca na proteção da floresta amazônica, priorizando a diminuição do desmatamento e a conservação da vegetação nativa.
Ao preservar esses ambientes naturais, o projeto evita que o carbono armazenado nas árvores e no solo seja liberado na atmosfera, contribuindo para o combate às mudanças climáticas. Essa iniciativa destaca a importância da conservação ambiental como uma estratégia essencial para reduzir os impactos da crise climática.