Nos primeiros cinco meses de 2024, a Amazônia registrou um aumento alarmante no número de queimadas.
Com mais do que o dobro de focos de incêndio em comparação ao mesmo período de 2023.
As mudanças climáticas severas em Roraima e Mato Grosso agravaram a situação. Resultando no maior número de queimadas já registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde 1985.
Causas das Queimadas
A seca prolongada e a insuficiência de chuvas são as principais causas desse aumento recorde.
Roraima foi o estado mais afetado, registrando 4.623 focos de incêndio de janeiro a maio. Um aumento quase quatro vezes maior em relação ao ano anterior.
Ane Alencar, diretora do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Ipam), destacou que as chuvas atrasadas contribuíram para a extensão do período seco, facilitando a ocorrência de queimadas.
Mato Grosso e Pará também apresentaram aumentos significativos nos incêndios florestais.
Em Mato Grosso, a situação é especialmente crítica devido à presença de florestas de transição.
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Significância das queimadas para o Brasil
A antecipação da estação seca pode facilitar atividades como o desmatamento.
Alencar explica que o desmatamento com o uso de correntão (técnica de desmatamento) seca rapidamente a vegetação, aumentando a propagação do fogo.
Ela ressalta que Mato Grosso tem começado a disputar com Roraima em termos de focos de calor, um sinal preocupante para a região.
Roraima registrou um aumento significativo nos focos de calor nos últimos quatro anos, especialmente no início de 2024.
Esse aumento anômalo contribuiu para os recordes de incêndios no estado. A seca intensa prejudicou o ciclo natural da Amazônia. Uma vez que, as chuvas não foram suficientes para reabastecer o lençol freático.
Alencar vê com preocupação a estação seca de 2024, pois o impacto das secas de 2023 e do período chuvoso insuficiente de 2024 ainda serão sentidos.
Apesar do aumento das queimadas, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou uma queda significativa no desmatamento. O Relatório Anual do Desmatamento (RAD) 2023 revelou uma redução de 62,2% no corte florestal.
No entanto, Luciana Gatti, coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Inpe, alerta que os níveis de desmatamento ainda são altos e o legado do governo anterior dificulta a recuperação completa da floresta.
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Situação atual da Amazônia
A combinação de desmatamento, práticas agrícolas inadequadas e mudanças climáticas está tornando a Amazônia mais vulnerável ao fogo.
Ameaçando a sustentabilidade do bioma e a própria agricultura na região.
Gatti destaca que o agronegócio, ao destruir a floresta, está perdendo a condição climática para continuar produtivo.
Ela aponta que a floresta amazônica ainda absorve mais carbono do que emite. Embora, a quantidade de CO2 na atmosfera devido às atividades humanas ultrapassa a capacidade de absorção da floresta.
As autoridades estaduais estão adotando medidas para combater as queimadas.
O governo do Amazonas lançou a Operação Aceiro 2024, com cerca de 300 agentes para atuar em 12 municípios.
No Mato Grosso, o governo ampliou o período proibitivo do uso do fogo na Amazônia e está capacitando brigadistas civis e militares.
O projeto Mejuruá diminui focos de queimadas
A situação na Amazônia é um claro reflexo da crise climática em curso.
Exigindo ação urgente e coordenada para mitigar os impactos e proteger este vital bioma.
Uma ação que protege o bioma é a criação de reservas para comercializar créditos de carbono.
O projeto Mejuruá, da BR ARBO, protege uma vasta reserva nesse ecossistema e ao mesmo tempo vende créditos de descarbonização.
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Por Ana Carolina Ávila