Projeto de lei dos EUA quer reintroduzir canola na produção de biocombustíveis

Um projeto de lei em tramitação no Congresso dos EUA pode representar uma virada importante para o mercado de biocombustíveis, especialmente para o óleo de canola.

Projeto de lei dos EUA colocaria a canola de volta ao mercado de biocombustíveis

Atualmente, a canola não é elegível para o crédito de produção de combustível limpo 45Z devido à sua alta intensidade de carbono, calculada em 54,9 gramas de CO2.

No entanto, a nova proposta aprovada pela Câmara dos Representantes elimina a penalidade de mudança indireta no uso da terra (ILUC), o que reduz a pontuação de CI da canola para 38,5  tornando-a apta a receber os créditos.

Com isso o óleo de canola voltaria ao mercado, podendo render até US$ 0,39 por galão para combustível de aviação sustentável, além de créditos para biodiesel e diesel renovável.

Apesar disso, os valores atribuídos à canola ainda são os mais baixos entre as cinco principais matérias-primas  atrás de sebo, óleo de milho destilado, óleo de cozinha usado e óleo de soja.

Segundo Zandar Capozzola, consultor da Argus Media, a transição para o crédito 45Z teve efeitos colaterais severos para o setor de biocombustíveis. Antes, o setor se beneficiava de um crédito fixo de US$ 1 por galão, independentemente da matéria-prima.

Com a nova fórmula variável do 45Z, o valor médio caiu para US$ 0,43, uma redução de 57% na compensação tributária, forçando muitos produtores a reduzir ou interromper a produção.

Os impactos foram visíveis, por exemplo, em janeiro de 2025, a produção de biocombustíveis caiu 20% em comparação com o ano anterior, com as usinas operando a apenas 47% da capacidade.

Apesar de uma leve recuperação para 63% em abril, os números permanecem abaixo dos níveis anteriores. A canola foi uma das mais afetadas, representando apenas 5% do uso total de matérias-primas em fevereiro de 2025, ante 11% no mesmo mês do ano anterior.

Enquanto isso, o sebo ultrapassou o óleo de soja e se tornou a principal matéria-prima, respondendo por 31% do total utilizado. O uso global de matérias-primas caiu 27% no período, reflexo do fechamento ou paralisação de diversas plantas.

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A proposta também estende o 45Z até 2031 e restringe o uso de matérias-primas elegíveis a produtos provenientes dos EUA, Canadá e México, o que pode beneficiar produtores canadenses de canola.

O projeto marca uma possível reorganização nas preferências de insumos da indústria, revalorizando fontes agrícolas que haviam perdido espaço.

Ainda assim, Capozzola alerta que as mudanças propostas no 45Z podem conflitar com políticas como o Padrão de Combustível de Baixo Carbono da Califórnia, que impõe um limite de 20% ao uso de matérias-primas agrícolas. A evolução dessa legislação será decisiva para o futuro da diversificação energética e do mercado de biocombustíveis agrícolas nos EUA.

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