A startup ganesa Wahu Mobility firmou um acordo inédito com a Suíça para comercialização de créditos de carbono marcando apenas a segunda transação global de mobilidade elétrica sob o mecanismo de mercado do Artigo 6 do Acordo de Paris.
Isso representa um avanço importante tanto para o setor de transporte sustentável na África quanto para a inserção do continente no mercado internacional de carbono.
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O projeto prevê a distribuição de 117.000 bicicletas elétricas em Gana ao longo dos próximos cinco anos, com o objetivo de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa. Esse plano foi aprovado pelas autoridades ambientais de Gana e da Suíça após dois anos de validação.
A CEO da Wahu Mobility Valerie Labi descreveu o acordo como um “momento crucial” para a mobilidade elétrica africana. A iniciativa pretende substituir milhares de motocicletas movidas a combustíveis fósseis por bicicletas elétricas de baixa emissão, oferecendo uma alternativa sustentável para entregadores e passageiros urbanos.
Espera se que até 2030, o projeto evite a emissão de aproximadamente 752.684 toneladas de CO₂, gerando Resultados de Mitigação Transferidos Internacionalmente (ITMOs) que serão comercializados com a Suíça como créditos de carbono.
Esses resultados serão integrados ao esforço suíço de compensação de emissões, contribuindo para suas metas climáticas nacionais.
A Suíça tem metas ambiciosas de neutralidade climática e pretende reduzir suas emissões em 65% até 2035, com base nos níveis de 1990. Grande parte dessa redução virá da compra de créditos de carbono por meio da Fundação Klik, entidade suíça que financia projetos sustentáveis ao redor do mundo.
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A fundação já está investindo pesadamente em Gana, com projetos que totalizam até US$ 1,1 bilhão. Segundo Michael Abrokwaa, gerente da Klik no país, essa parceria com a Wahu Mobility “acelera a transição energética ao viabilizar tecnologias que, de outra forma, levariam anos para ser implementadas”.
Gana, por sua vez, está se consolidando como um polo regional no setor de financiamento de carbono. O país criou um registro nacional de carbono, além de um comitê de aprovação para projetos que se alinham aos critérios do Artigo 6 do Acordo de Paris.
Quatro iniciativas já foram autorizadas pela Autoridade de Proteção Ambiental, incluindo a da Wahu. Para o Dr. Daniel Tutu Benefoh, chefe do Escritório do Mercado de Carbono de Gana, o projeto da Wahu é um exemplo excepcional de como soluções inovadoras podem gerar mudanças reais.
Com ambição de vender até 24 milhões de toneladas de créditos de CO₂, Gana busca atrair investimentos internacionais e promover uma economia de baixo carbono baseada em tecnologia limpa e inclusão social.