Nos primeiros dez meses de 2024, a Amazônia sofreu com mais de 15 milhões de hectares consumidos por queimadas, uma área que equivale a cem vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
Os dados, divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram um aumento de 114% nas queimadas em relação ao mesmo período de 2023, destacando a ineficácia das políticas de preservação e os desafios na proteção do bioma da Amazônia.
Embora apenas um terço das áreas queimadas sejam pastagens, mais da metade dos focos se origina em áreas destinadas à pecuária, especialmente em terrenos desmatados desde 2015. Esse padrão reflete a ligação estreita entre a expansão agropecuária e o desmatamento ilegal.
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As queimadas na Amazônia não são específicas naturais. Especialistas, como Ane Alencar, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), enfatizam que esses incêndios são causados exclusivamente pela ação humana. Pecuaristas, grileiros e desmatadores utilizam o fogo como uma ferramenta de “limpeza” para traçar novas rotas de comércio e fonte de renda.
Analistas afirmam que a falta de fiscalização governamental, assim como a ineficácia das punições ou a dificuldade de normatização contribuem para o aumento das queimadas ilegais, sendo necessária uma mudança urgente para preservar a Amazônia, a fim de combater mudanças climáticas e aquecimento global brusco.
Ademais, o vasto território da floresta também é um obstáculo para implementação de políticas preventivas.
Além disso, a identificação dos responsáveis por essas práticas é um desafio. “A materialidade do crime é evidente, mas a autoria quase sempre é muito difícil de estabelecer”, afirma Luiza Frischeisen, do Ministério Público Federal.
A devastação afetou também comunidades indígenas, tanto em sua saúde quanto na economia, como os Suruí Paiter, cujos territórios enfrentaram invasões e manipulação contínua.
O cacique Almir Narayamoga Suruí destaca que muitos incêndios têm motivações políticas e econômicas, alimentados pela falta de governança ambiental. Como as comunidades indígenas têm resistido, mas seus esforços são insuficientes diante da escalada do desmatamento.
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Portanto, a necessidade de preservação da Amazônia é urgente, já que esta não é apenas uma riqueza nacional, mas também é essencial para o equilíbrio climático global, sendo uma das maiores florestas do mundo, contribuindo para mitigação de mudanças climáticas globais.
Sem uma resposta firme e eficaz, o Brasil arrisca não apenas perder um de seus maiores patrimônios naturais, mas também sua adição como líder na luta contra as mudanças climáticas. Com isso em mente, é necessária a união entre instituições público, privadas e comunidades para reduzir as queimadas ilegais na região.
Relação com o Projeto Mejuruá
Iniciativas como o Projeto Mejuruá da BR ARBO estão alinhados com o potencial da conservação florestal amazônica para atingirem as metas sustentáveis, sendo considerado um projeto de viés ambiental.
Projetos como o Mejuruá contribuem para o mercado de carbono global ao preservar ecossistemas, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia local, alinhando-se com a perspectiva de transição para uma economia mais sustentável.
Ana Carolina Turessi