O mercado voluntário de carbono tem vivido instabilidade nos últimos anos, passando de um período de ascensão a desafios de credibilidade e, mais recentemente, uma retomada na demanda.
Entre os anos de 2016 e 2021, o mercado de carbono voluntário um aumento significativo na demanda, incentivado por compromissos de neutralidade de carbono (líquido zero).
No entanto, as preocupações com a qualidade e integridade dos projetos levaram a uma desaceleração em 2022.

A partir de 2023, estratégias inovadoras à transparência e ao fortalecimento de monitoramento impulsionaram uma recuperação, com retiradas de créditos de carbono alcançando registros históricos.
A criação do Conselho de Integridade para o Mercado Voluntário de Carbono (IC-VCM) em 2021 foi um passo significativo para a reconstrução deste setor. Este órgão busca estabelecer padrões globais para créditos de alta qualidade, introduzindo a etiqueta de Princípios Básicos de Carbono (CCP).
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Além disso, agências de classificação independentes têm ganho destaque, fomentando avaliações de projetos para aumentar a confiança dos investidores. Iniciativas setoriais, como o programa CORSIA para aviação, oferecem um “corte inicial” de qualidade, embora sua implementação plena ainda esteja em progresso. Contudo, apesar do crescimento da demanda, esta não conseguiu superar a oferta de créditos permanece.
A emissão de créditos caiu cerca de 30% entre 2021 e 2023, refletindo a desvalorização do mercado e o adiamento de projetos pelos desenvolvedores.
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O segmento de REDD+ apresentou uma recuperação impressionante após críticas à credibilidade do projeto, com retiradas em 2023 atingindo 47 milhões de tCO₂e.
Já os projetos de energia renovável e limpa perderam espaço, especialmente após mudanças nas metodologias de grandes registradores como Verra e Gold Standard.
Portanto, espera-se que a demanda futura será impulsionada por um aumento no interesse por créditos de alta integridade e remoção de carbono, promovendo a consolidação de padrões de qualidade e a resolução do excesso de créditos emitidos.
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Relação com o Projeto Mejuruá
Iniciativas como o Projeto Mejuruá da BR ARBO também apontam o potencial da conservação florestal amazônica para atingirem as metas sustentáveis, sendo considerado um projeto de viés ambiental.
Projetos como o Mejuruá contribuem para o mercado de carbono global ao preservar ecossistemas, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia local, alinhando-se com a perspectiva de transição para uma economia mais sustentável.
Ana Carolina Turessi