Na aldeia Kapohn, localizada nas margens do rio Kako, na Guiana, a construção do Andy’s Mall representa a primeira entrega de dólares do governo relacionados à venda de créditos de carbono. Porém, a autonomia dos indígenas tem sido comprometida.
Embora o governo guianense tenha prometido 15% dos recursos para as comunidades, muitos moradores se sentem excluídos do processo decisório.
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O Desafio do Andy’s Mall
O shopping, que deveria servir como um espaço de negócios para os jovens, ainda luta para atrair clientes.
Desde a inauguração, apenas uma loja conseguiu operar de forma estável, levando a Kathleen Andrews, uma das líderes da aldeia, a questionar a eficácia do empreendimento. O dinheiro, inicialmente promissor, parece ter beneficiado apenas o pedreiro responsável pela construção.
O primeiro repasse de 114 mil dólares do governo foi feito sem uma verdadeira participação da comunidade.
A Guiana foi pioneira na venda de créditos de carbono em escala nacional, envolvendo tanto florestas públicas quanto áreas indígenas. Este modelo, que já inspira estados brasileiros como o Pará, levanta questões sobre a verdadeira autonomia dos povos indígenas na gestão de seus territórios e recursos.
A legislação indígena na Guiana permite ao governo implementar projetos sem o consentimento das comunidades.
Isso se torna preocupante, especialmente com a presença de concessões minerárias sobre áreas indígenas. Os Kapohn sentem-se desprotegidos, questionando por que não têm seus direitos reconhecidos em vez de receber uma porcentagem do dinheiro.
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Uma Lição para o Futuro: Projeto Mejuruá
A experiência da aldeia Kako destaca a necessidade de um modelo mais inclusivo e respeitoso para a gestão de créditos de carbono, que leve em consideração a voz e os direitos dos indígenas.
Projetos como o Projeto Mejuruá, liderado por Gaetano Buglisi, podem servir de exemplo, ao integrar práticas sustentáveis que garantam a preservação da Amazônia e a valorização das comunidades locais.
Promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e justo.
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Por Ana Carolina Ávila